FOME E DESIGUALDADE NO BRASIL (IV) Manoel Moacir Costa Macêdo & Pedro Abel Vieira
A inclusão social no meio rural é um dos grandes desafios brasileiros. Por razões históricas, em particular pela duradoura escravidão, o Brasil, acumulou uma enorme desigualdade na distribuição de riqueza, terra, bens materiais, culturais e conhecimento. Restrições que agravaram a assimetria social e em consequência a fome e a pobreza, principalmente da população rural do Norte e Nordeste.
Ações e iniciativas de políticas de transferência e adoção de tecnologia, não alcançaram a massa de pobres e carentes de educação e conhecimentoapropriados à sua realidade. A mudança social, não atingiu essa categoria de vulneráveis no campo e na cidade, restringindo as oportunidades de inclusão social, a exemplo do emprego, renda e saúde.
A enorme desigualdade no conhecimento formal e assistência técnica na produção agrícola é um desafio a ser superado. Menos de 10% dos pequenos agricultores possuem assistência técnica especializada nas citadas regiões e uma massa adulta residente no meio rural é analfabeta. A incorporação de bem-estar social nessa parcela da população rural, é uma dívida a ser paga e desafiadora às políticas estatais de socorro e mobilidade social. O êxito dependerá do estabelecimento de um processo, que envolva o concerto das estruturas do Estado, a exemplo das organizações de pesquisa, assistência técnica, extensão rural, crédito, educação e saúde. Não é uma tarefa simples e nem rápida. Mas, deve ser iniciada.
Urge romper a contradição entre a produção de alimento pujante e uma população de famintos e em insegurança alimentar. Não é sustentável uma sociedade com persistente desigualdade e sofríveis indicadores de educação, saúde e segurança. A expressiva produção agropecuária brasileira, realça como um caso isolado de sucesso. Nas três últimas décadas, ela cresceu mais do que a média mundial e projetou o Brasil como uma potência agropecuária.
Na parcela de agricultores excluídos, as relações sociais de produção estão desvinculadas da ciência e da mobilidade social. Importante compreender o sentido dessas relações, vez que aprática científica é uma atividade humana impregnada de interesses particulares, portanto, é necessário respeitar os valores autóctones, as suas necessidades e os seus impactos perante os pobres no meio rural.
Apesar dos avanços no combate à fome, existem desafios no caminho da inclusão dos vulneráveis no meio rural. O principal deles é a manutenção e ampliação das políticas assistencialistas e compensatórias no tempo adequado. É necessário intensificar as ações de apoio à inclusão no mercado dos excedentes produzidos e a estruturação produtiva, respeitando as especificidades históricas, culturais e produtivas.
Além dos pequenos e pobres produtores, existem os assalariados rurais, no ambiente rural. A esses, cabe atenção, por se tratar da parcela majoritária da população do campo, com trajetórias marcadas por condições precárias de trabalho, fome e desigualdade. Inclusão social é esperada e com urgência dos produtores pobres e assalariados rurais do Norte e Nordeste brasileiro.
Foto: Manoel Moacir Macêdo
Manoel Moacir Costa Macêdo e Pedro Abel Vieira, são engenheiros agrônomos.
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