ENCONTRO RIO-REALENSE por Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 13 de Outubro, 2023 - Atualizado em 13 de Outubro, 2023

Foto: Divulgação 

 


Tempos sombrios. Transição e mudança de época. Cenários de ameaças. Valores em ruínas. Polarização política. Restrições de liberdade. Desigualdade. O “silêncio dos bons” ofuscado pelo “grito dos maus”. Tudo, onde “Deus é brasileiro, e Brasil coração do mundo e pátria do evangelho”.

Inovações sofisticadas silenciaram frente aovírus invisível, o SARS-CoV-2, da COVID - 19. A Terra parou. Pandemia do Século XXI. O gratuito e abundante oxigênio sequestrado pelo desconhecido vírus. Asfixia e morte de milhões de humanos. Diagnósticos imprecisos. Remédios inexistentes. Hospitais abarrotados. Desencarnes em série.Revolta da natureza. Ao invés da compaixão, piedade e humanismo, a indiferença, acumulação e guerra. A humanidade foi reprovada na primeira lição desse século.

Doenças da alma desafiam a existência. Depressão, melancolia e ansiedade. Esgotamento emocional, enchem os consultórios de psicólogos, psiquiatras e templos religiosos. A psicoterapeuta Esther Perel, professora da universidade de Nova York e especialista em solidão e relações amorosas, desenvolveu a chamada intimidade artificial.Estamos vivendo em “estado de atenção parcial, onde as amizades e as relações pessoais estão em risco. Nunca estamos totalmente presentes, mas divididos com o celular e as mídias sociais, que impossibilitam a intimidade real”. Isso também quer dizer “modernidade líquida”, medo e incertezas.

De repente, surge do nada, os impulsos para osencontros presenciais na pós-pandemia. Afetos e saudades à flor da pele. Cansados do Facebook, WhatsApp, Instagram e TikTok. Carentes do sentir,ver e ouvir em carne e espírito. Sedentos da áurea e energia humana. Assim nasceu o grupo“Adolescentes Privilegiados”, dos nascidos eviventes em Rio Real, divisa gêmea entre a Bahia e Sergipe, esquecida por ambos, pelo isolamento epela geografia. Saudades e recordações das décadas de sessenta e setenta. Mais de meio século dispersos, mas, em comum, a densidade da adolescência e amizade adormecida. Fase viril da vida. Juventude. Amores e paixões. Experimentações. Contestações, mas sem medo de ser feliz.

Jovens de ontem, amadurecidos pelo tempo e curtidos na existência. Surpresas. Umas previsíveis. A penalidade do tempo com a beleza física, maquiada pela sabedoria que a idade proporcionou. Não estão na agenda, prestação de contas,acumulações de bens e titulações profanas, mas,amizade, alegria e contentamento do Encontro. Como escreveu o poeta Vinicius de Moraes: “a vida é arte do encontro embora haja tanto desencontro pela vida”.

Éramos juvenis, belos, cabeludos e esguios. Hoje idosos, cabelos grisalhos, abdomens salientes, separados, divorciados, viúvos, pais, mães, avós e avôs. Testemunhas de um tempo que passou e não voltará jamais. Não somos como os nossos pais, e nem os mesmos Álvaro de Jaime Moreira, Carlos e Lúcia de Magnólia, Edvaldo de Zé de Alice, Irene e Iolanda de Zé de Perci, Margarida de João Farinha Seca, Marinez de Zé Ferreira, Marlene de Zequinha Soldado, Moacir de Marivaldo, Rita de Nininho, Teresa de Amando, Zenilde de Ubaldo, entre outrosidentificados pelos nomes dos pais, lugar, ofício eapelido. Inexistia o bullying, como intimidação.

“Adolescentes Privilegiados”, paridos naquele modesto lugar, antes Barracão, hoje Rio Real, felizes e agradecidos pelo Encontro. Na simplicidade forampreparados para o futuro da vida, além dali.

[Encontro de Adolescentes Privilegiados de Rio Real. Salvador, 14 de outubro de 2023].

 

Manoel Moacir Costa Macêdo, o Moacir de Marivaldo.

 

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