Sistemas Alimentares no Brasil [II] por Pedro Abel Vieira e Manoel Moacir Costa Macêdo,
Os sistemas alimentares na diversidade, apresentam diferenciações no onde acontecem os processos de produção agrícola. Algumas distinções são evidentes: tipos de propriedades, cultivos e criações, fatores de produção, tecnologias, dimensão local e global, gestão familiar e empresarial, entre outros.
Os países de baixa renda, a exemplo dos africanos e alguns da América Latina e Ásia, enfrentam ameaças na produção e distribuição de alimentos, devido à desigualdade, mudança climática e constrangimentos ambientais. O desmatamento nesses países continua acelerado, perda irreversível de biodiversidade, poluição da água e do ar e restrições à saúde humana, animal e vegetal.
Os sistemas alimentares, estão em crise e sofrem ameaças. Cerca de trinta e três milhões de brasileiros passam fome e mais de cem milhões em insegurança alimentar. Uma multidão que não consegue consumir dietas alimentares saudáveis e recomendadas às necessidades humanas. Os cenários, não são de melhora, mas de piora, se a problemática ambiental não for enfrentada. A realidade prospecta, que não haverá futuro para os sistemas alimentares, sem sustentabilidade ambiental global. Ou todos sobrevivem, ou nenhum.
Os impactos ambientais e a marginalização econômica resultam em aumentos nos preços dos alimentos no mercado global, além da acumulação de dívidas e crescente desigualdade. A responsabilidade recai, portanto, sobre os países mais ricos, que devem proporcionar as transformações no sistema alimentar global, especialmente em nome dos mais pobres e da paz mundial.
As estratégias para transformar o sistema alimentar global, envolve um enorme desafio para os tomadores de decisão no mundo desenvolvido, notadamente na pós-pandemia. Os países de baixa e média renda foram afetados pelos impactos persistentes da COVID-19, secas, inundações, conflitos locais, terrorismo e migrações. Em consequência, crescente pobreza, fome, desigualdade e miséria.
A pandemia, longe de trazer compaixão, piedade e distribuição de riqueza, agravou a acumulação em poucas mãos e ampliou a desigualdade. Agravaram os graves impactos da guerra na Ucrânia, que incluem perturbações nas cadeias de abastecimento, aumentos no custo dos fatores de produção agrícolas, como energia e fertilizantes, e, mais recentemente, a crise da dívida associada aos aumentos na inflação global.
Importante refletir sobre a carência de resiliência nos sistemas alimentares num mundo cada vez mais volátil, incerto e sistêmico. Nesse sentido, qual o papel do Brasil? Uma imediata e simplista resposta, sugere que o Brasil aumente a sua produção agrícola, com ênfase na sustentabilidade ambiental e fatores locais. Isso impõe, à necessidade de um relevante debate sobre a sustentabilidade, vis-à-vis os indicadores socioeconômicos vigentes na produção agrícola brasileira.
Ao final, é imperativo considerar o potencial do Brasil no desenvolvimento sustentável da agricultura dos países de baixa e média rendas e nos sistemas alimentares. Ele deve ir além da exportação das commodities para abastecer às cadeias agroalimentares globais. Um país que desenvolveu um modelo de agricultura tropical lastreado na ciência e possuidor de reservas ambientais robustas, expressivo produtor de alimentos para os seus nacionais, exportar os excedentes e mais que tudo, contribuir com a paz mundial.
Pedro Abel Vieira e Manoel Moacir Costa Macêdo, são engenheiros agrônomos.
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