O SENSO COMUM DA VERDADE E DA PÓS-VERDADE [I] por Pedro Abel Vieira & Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 08 de Dezembro, 2023 - Atualizado em 08 de Dezembro, 2023

 


Entender os conceitos de verdade pelo senso comum, é tarefa arriscada e aberta aos equívocos e impropriedades. Os sentidos elaborados acolhem a filosofia, o direito, a ética e a religião, entre outros. Acrescente a essa complexidade o significado depós-verdade. Os conteúdos aqui manifestados são opiniões livres de teorias científicas. A verdade se manifesta nas relações sociais, sob emoções e crenças e menos pelos valorosos fatos, lastreados no método científico.

A verdade, portanto, pode ser um paradoxo, visto que as pessoalidades carregam o pressuposto doque seja verdadeiro. Filósofos positivistas como René Descartes e Immanuel Kant, definem a verdade, “enquanto palavra, como a correspondência do que está no pensamento com o que existe no mundo, nas coisas. A adequação do intelecto e das coisas”.

O conteúdo implícito em “corresponder”, refleteuma condição necessária, mas não suficiente para tornar algo verdadeiro, mesmo por testes que apontam repetidamente para determinado resultado. Nessas condições, é dito que a verdade écomprovada, porém, é comum a experiência no mundo real não confirmar a suposta verdade. O filosofo John Locke, teórico do liberalismo, escreveu que a base do conhecimento, são as ideias simples que procedem da experiência sensível, enquanto as complexas são fusões e combinações das anteriores. Locke rejeitou os sentidos metafísicos da natureza essencial das coisas e da finalidade do universo.

O conceito de verdade no senso dos comuns, não está pacificado. O mesmo para as definições do “bem e do mal”, sujeitos às crenças e opiniões. De fato, na diversidade cultural, esses conceitos sãoforças igualmente poderosas. No cotidiano da humanidade, a polarização nas versões política, científica e moral, estimula uma possível pós-verdade. A distorção deliberada do real, distorcetambém as relações sociais, vez que, está lastreadaem emoções, medos e crenças, distantes da verdade dos fatos e das coisas.

    Na dimensão política, predomina a intenção deliberada de desinformar o sentido da verdade, mitigando com o conceito de pós-verdade. O psicanalista Christian Dunker, arguiu numa de suas obras sobre o neoliberalismo, “como sofrimento psíquico [e] o discurso da pós-verdade corresponde a uma suspensão completa de referência aos fatos e verificações objetivas, substituídas por opiniões tornadas verossímeis apenas à base de repetições, sem confirmação de fontes”.

Diz mais, “o fenômeno é mais complexo, ele envolve uma combinação calculada de observações, interpretações e fontes confiáveis, numa mistura falsa e interesseira”. Decorrência de vieses cognitivos, notadamente, que nada mais sãotendências, que confirmem nossas crenças em detrimento das que as invalidam.

Ao final, para o João, Apostolo de Cristo, em seu Evangelho, em linha com uma sociedade majoritariamente cristã, profetizou: “não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade (João, 23, 18).

                Pedro Abel Vieira & Manoel Moacir Costa Macêdo, são engenheiros agrônomos.

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