O SENSO COMUM DA VERDADE E DA PÓS-VERDADE [II] Pedro Abel Vieira & Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 15 de Dezembro, 2023 - Atualizado em 15 de Dezembro, 2023

Premissas no espectro da ciência positivista, a exemplo de algumas correntes da física, defendem que a realidade não existe. Inteligência Artificial – IA e Metaverso são pautas de novas dimensões de realidade.

    O paradigma da pós-materialidade, em construção, como define a “teoria das revoluções científicas”, defende a “complexidade irredutível” e energias de outras vidas, como condicionantes de outra realidade. Religiões, mistérios e místicas,buscam explicações ao status quo de realidade em curso na humanidade.

     Contexto prenhe de dúvidas e contradições. Ausência de um horizonte comum. A natureza, aoinvés de protegida, é atacada e reage. Pandemia, ciclone, aquecimento, medos, violência, desigualdade, entre outros indicadores, sãorevelações que aguardam interpretações no ambiente universal, para alguns, o infinito. Mundo a ser reescrito e com ele os seus processos.

    Verdade e pós-verdade estão nesse contexto. No senso comum, elas suscitam o autoritarismo das posturas, remete os sujeitos à interpretação cativa dos fatos, carentes de reflexões de verdade e pós-verdade. Em alguns campos da existência, ela acentua a indisponibilidade ao diálogo, pela suposta convicção de uma única verdade. Acordando com o filósofo liberal e empirista, o britânico John Locke, conhecido defensor da liberdade e da tolerância religiosa, e crítico do direito divino.  Percursor do iluminismo, num tempo marcado pela crueldade medieval, que aparentava está reservado pelos registros da história.

    Para Locke, “cada príncipe é um ortodoxo, a seu modo, e não há um juiz comum, em última instanciapara saber de que lado dos Alpes está a verdade [...]a pós-verdade rejeita que o debate existe, ao mínimo, duas versões da verdade”. Disse mais: “todos nascem sem conhecimento e todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido através da experiência”. Em outras palavras, o mesmo dito pelos crentes na imortalidade do espírito: “nascemos simples e ignorantes [...] todos são iguais pela lei de Deus”.

   A pós-verdade carrega exponencial gravidade,ao impor uma autoritária e pessoal verdade - a “sua verdade” -, desqualificando às demais como‘inverdade’. O “dono da verdade”, sem olhar para o outro. Os valores civilizatórios, a exemplo do direito de representação e de ir e vir, debitam à cidadania, onde vivem as pessoas, a “sua verdade”, mas, não única, como essência da liberdade de expressão, considerada um direito fundamental e universal. Proteção da livre manifestação do pensamento, nos diversos campos da atividade humana: intelectual, artístico, científico e de opinião. Direitos civilizatóriose ilimitados, com as restrições dos abusos e excessos, a exemplo da injúria e difamação.

   Na “pós-verdade”, cabe discussão e debate criativos. Rejeição ao medo e à opressão, como estratégias autoritárias. No senso comum dascontingências atuais, a “pós-verdade”, apresenta como contestação das regras vigentes, na direção do autoritarismo, em sua face fascista.

Fundamental garantir a liberdade em sua ampla tradução, no sentido da “pós-verdade”. Para tanto, são acolhidas estratégias para conter afrontas às conquistas milenares da civilização, a exemplo da democracia. Isso exige mais do que o “senso comum”, mas, o “bom senso”.

 

Pedro Abel Vieira & Manoel Moacir Costa Macêdo, são engenheiros agrônomos.

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