A SERGIPANIDADE DE CADA DIA

Por Jerônimo Peixoto

Jerônimo Nunes Peixoto, 23 de Outubro, 2023 - Atualizado em 23 de Outubro, 2023

 A SERGIPANIDADE NOSSA DE CADA DIA

A emancipação política de Sergipe deu-se por decreto do Imperador Dom João VI, em 08 de julho de 1820, mas a notícia oficial só chegou ao novel Estado, no dia 24 de outubro daquele ano. Inicialmente, passou-se a celebrar esta data, como o dia da emancipação de Sergipe, mas, com o tempo, percebeu-se que o dia exato foi 08 de julho. Destarte, voltou-se às celebrações alusivas ao feito, no 08 de julho, deixando no vácuo o 24 de outubro.

Quando governador, Marcelo Déda criou o Dia da Sergipanidade, resguardando, desse modo, a data em que o Decreto oficial do Imperador chegou a Sergipe Del Rey. Na primeira data, a emancipação; na segunda, o jeito peculiar de ser e de viver Sergipe, com todos os sabores, com suas cores, com suas etnias, com as manifestações culturais de cada cidade ou região, com a riqueza de ritmos, danças, poesia, culinária, manifestações artísticas bastante intensas e ricas de significados.

Em geral, neste dia exalta-se a Sergipanidade de um modo lírico, idealizado, o que faz bem à alma dessa gente que vive e é Sergipe, sem qualquer tergiversação. Sergipe é de todos os sergipanos, natos ou adotados, acolhidos temporária ou definitivamente. Sergipe é o Torrão que nos insere entre o Litoral e o Sertão, entre os Rios São Francisco e Real, com sotaque distinto do alagoano e do baiano, com um modo próprio de ser.

Mas, emerge uma indagação: Viver a Sergipanidade não seria, também, ter pão à mesa de todos, ocupação remunerada para todos, casa e terra para todos, escola e saúde para todos? Não seria um modo diferente de partilhar de todas as manifestações artísticas e culturais com todos? A Sergipanidade não pode ser apenas privilégio de uns em detrimento de tantos que, desde o Pré-caju até as comemorações juninas, são vistos apenas catando latinhas, ao fim de cada espetáculo. Que tipo de Sergipanidade é essa que alude a uns e olvida os insertos no analfabetismo, na miséria instituída, aqueles que mendigam o pão e o direito de ser cidadão, ao longo de todos os dias, meses e anos?

Seria a institucionalização de um modo excludente e, ao mesmo tempo, excluído de viver nas terras de Serigy? Poderia, ainda, ser um indicativo de que, aqui, neste solo tão fecundo e promissor, só há lugar para uns? Se a Sergipanidade é mistura de ritmos e de sabores, de cores e de estilos, é preciso torná-la concreta para os pobres, os excluídos das benesses dos grandes que detêm o poder político ou econômico. É preciso reinventar a Sergipanidade, começando pelo dever de casa de por toda criança da escola, com merenda e diversidade curricular; de assegurar aos jovens oportunidade de emprego, assegurando-lhes uma carreira profissional de sucesso. Faz-se necessário alargar as fronteiras dos campos de trabalho, das possiblidades de vida digna para todos. Cuidar da saúde, da cultura, incentivando o esporte, a arte, a poesia e a música, cuidando-se do regionalismo, do artesanato, valorizando-se o artista local, muito mais do que os de fora.

E, quando chegar o ocaso, o sergipano poderá ter a seu dispor praças esportivas, locais de lazer, de divertimento para a terceira idade, que – como todos – vive a Sergipanidade com o dever cumprido de ter empreendido todos os esforços para a edificar. Haveria Sergipanidade sem os idosos, sem as pessoas com deficiência? E onde a inclusão foi se instalar? Nos ônibus de carroceria alta, nos passeios desnivelados? Onde colocaram a Sergipanidade dos que não podem enxergar, nem andar, nem falar?

Ah, caro Sergipe! Vocacionado a ser modelo para os demais Estados da Federação, pelo diminuto tamanho de tuas terras, pela força da união de tua gente, pela identificação de todos como sergipanas e sergipanos, como gostaria de ver tua Sergipanidade estendida a todos os que aqui vivem, natos e acolhidos, para a festa do congraçamento e do fraternal jeito de te viver em cada santo dia. Feliz Sergipanidade com inclusão e cidadania!

 

                                                                        Jerônimo Peixoto

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