QUEM MANDA SOU EU.

“porque, enquanto for eu quem ganhe, quem manda é eu.”

José de Almeida Bispo, 27 de Julho, 2023 - Atualizado em 27 de Julho, 2023

Em 1986, campanha renhida no estado – e em Itabaiana - o candidato a deputado e chefe político, líder político inconteste na microrregião com 16 municípios estava com sérios problemas locais, com o avanço da oposição que, montada no prestígio da então única emissora de rádio da cidade – a Princesa da Serra - e com o apoio maciço da máquina do Estado, avançava a olhos vistos sobre seu rebanho, penetrando perigosamente cada vez mais, o que acabaria por tomar-lhe o poder, dois anos depois.
A Rádio Princesa da Serra, foi uma ideia prima de Juarez Ferreira de Góis; que atiçou o espírito aventureiro, transformista e progressista de Francisco Tavares da Costa, que a levou a outro mais bem postado economicamente, tão desenvolvimentista quanto, que estava no auge do prestígio com os sucessivos triunfos da Associação Olímpica de Itabaiana, materializando-a, com apoio explícito do tetraneto de José Mateus da Graça Leite Sampaio, Governador do Estado, José Rollemberg Leite, em 13 de junho de 1978.
A Rádio foi minha escola de rádio e de todo mundo que nela estreou e nela trabalhou durante os dois primeiros anos, exceto o saudoso João Batista Santana, já profissional tarimbado. E foi o palanque-mor onde o recentemente falecido Djalma Teixeira Lobo militou, e por ele se elegeu duas vezes a deputado estadual.

O quarteto, Djalma Lobo, José Queiroz, José Carlos Machado e Luciano Bispo (em baixo), em 1986 estava minando o poderio de Francisco Teles de Mendonça, o Chico de Miguel, atacando a administração do seu afilhado, literal e politicamente, João Germano da Trindade (acima), inclusive com ingerências provocativas, como a citada.

O forte apoio da máquina do Estado, com que contava a oposição, incluía a recém-criada Cohidro (irrigação) - que num estado nordestino tem um poder fantástico - e o DER, geralmente àquela consorciado, desde as experiências federais, forçadas pelo tenentismo da década de 1920, com o embrião do que viria a ser o DNOCS.
O jovem ex-candidato a prefeito em 1982 (e que ganharia, em 1988), Luciano Bispo de Lima, era parte do quarteto que dirigiu o fim do apogeu de Francisco Teles de Mendonça entre 1976 e 1988. Como comandante local, então dividia o comando local com o citado Djalma Lobo. Pilotando as obras, da máquina do Estado resolveu meter o bico em área da Administração Municipal, e consertar as estradas vicinais. O chefe político, Chico de Miguel padrinho do prefeito soube e foi-lhe ao encontro.
Ao chegar, avistou a máquina patrol em operação na estrada; e o carro do oponente estacionado, à margem. Aproximou-se do mesmo, e notou Luciano Bispo dentro, no banco do passageiro, logo à frente. Apoiou o bração esquerdo sobre a capota do carro, que sentiu o peso, baixando, generosamente, uns cinco centímetros.
O motorista, saudoso Benjamin José de Oliveira, popular Beijo de Bibi, também pré-candidato a vereador (não eleito em 1988) – que me contou o acontecido – ficou temeroso enquanto o velho e temido chefe político ditava suas ordens para Luciano:
“Se quiser mandar no ‘meu’ município se candidate e ganhe as eleições, moço. Porque, enquanto for eu que ganhe, quem manda é eu. Pode retirar sua máquina daqui.”
Situação vexatória maior foi do carona, o professor Antônio Lima, conhecido por Tuíca, sentado no banco de trás, e confundido por Chico como se um pistoleiro:
“E você, seu pistoleirinho, eu arranco esse seu bigode de faca, certo”.
O pobre professor secundarista, que sempre usou vasto bigode, só não se mijou porque foi travado pelo excesso de medo.
Após a saída do chefe político, Luciano Bispo deu partida no carro; ordenou ao maquinista que recolhesse a patrol ao pátio de máquinas do DER-SE, e, a seguir, caiu fora.
Essa história me veio à lembrança ao ver essa campanha de parte da mídia, sobre a nomeação para a presidência do IBGE, mais uma vez querendo pautar o Governo Federal, atualmente ocupado, mais uma vez, pelo Presidente Lula.

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