VOU VOLTAR À CADERNETA. VAMOS?

José de Almeida Bispo, 16 de Agosto, 2023

Eu ainda compro a dinheiro e na caderneta. Há 36 anos que compro medicamentos, com raras exceções na mesma farmácia. Na "caderneta", ou seja, na ficha; de vez em quando, no dinheiro vivo.
Há 42, também compro confecções e outros acessórios, invariavelmente na mesma empresa, especialmente na sua loja de acessórios masculinos. No carnê. E raramente a dinheiro.
Até 20 anos, a estas, somavam-se mais cinco ou seis, que foram sendo substituídas pelo cartão de crédito, à medida que mudaram o estilo de cobrança; ou que achei por bem simplificar e passei a usar pra valer o cartão de crédito, quando não o pagamento imediato a dinheiro.

A ilusão do dinheiro de plástico e a CDL-Itabaiana.

Os anos 80 foram de uma exuberância só.
Vídeo cassete; câmeras VHS, telefone sem fio, aparelhos de som 3em1, nunca se produziu tantas e tão excelentes músicas pop... pra encurtar: computador pessoal e popularização entre nós do cartão de crédito.
Em 1987, Aracaju despontou com mais uma novidade: o Shopping Rio Mar.
Itabaiana, maior centro comercial do interior do Estado já tinha ficado muito pra trás em matéria de desenvolvimento e população, agora começou a preocupação com o descolamento de vez da nova realidade.
Mas a resistência permanecia, agora sob forma aspersores a distribuir água dos projetos de irrigação e centenas de poços artesianos.
O que fazer para reagir e não acabar como Laranjeiras, completamente sugada pela capital?
E, nas tardes mordorrentas de início do nosso verão tropical (que começa umas três semanas antes da primavera do Hemisfério Sul), eis que debatíamos, um grupo de amigos, dos quais eu modestamente participei, mas também o ex-Secretário Municipal, Moacir Santana e o saudoso amigo, o lojista Josenildo Pereira de Souza.
A idéia era inicialmente criar uma associação local, que criasse e administrasse um cartão de crédito local, ou pelo menos que subscrevesse a vinda de um, já consagrado nacionalmente.
No foco, um atrativo melhor ao turista (ainda estávamos sob as imagens das "caravanas do ouro"), além de conferir modernidade às transações.
Não houve associação local; e sim, a fundação da CDL-Itabaiana em 7 de outubro de 1989.
E o cartão de crédito, só três ou quatro anos depois do Plano Real (jul/1994) é que assumiu a rotina no comércio Itabaianense.
Pois é o cartão de crédito que, sob a incessante usura do mercado financeiro está se condenando ao fim.
Em matéria do noticiário econômico de ontem, uma contenda, envolvendo Banco Central, Ministério da Fazenda, e, claro, os sempre ávidos bancos e administradoras, pelo fim do parcelamento sem juros.
Se acabar sua serventia para as compras parceladas, só se terá um caminho: voltar à caderneta ou ficha da loja ou pagamento à vista... via Pix. Sem mais intermediação.
Será o fim do dinheiro de plástico.

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