A FORÇA DAS PALAVRAS MÁGICAS.

José de Almeida Bispo, 20 de Agosto, 2023 - Atualizado em 21 de Agosto, 2023

Na última sexta-feira, 18, houve o lançamento oficial da Lei Paulo Gustavo pelo Município de Itabaiana, replicando o previsto em âmbito nacional e estadual.
A Lei destina recursos federais aos entes culturais de todo o país, pesando mais a mão no quesito audiovisual, com cerca de um terço dos recursos para todo o mais.
Convenhamos: mesmo para quem faz cultura em modo completamente amador, por diversão, a priori é uma ninharia; especialmente no caso do destinado ao município (área), através do Município de Itabaiana, ou seja, seu Poder Executivo, via Secretaria Municipal de Cultura. Contudo, vem de graça; é ajuda (e não contrato salarial) e é indispensável. E inédito. Essas coisas, quando ocorreram, em geral ficaram restritas à capital.
Vai começar para valer, com o Município já de olho em outra – a Aldir Blanc – centrada no universo musical, já na biqueira para acontecer.
Porém duas palavras mágicas – ao menos aos ouvidos mais refinados – foram ditas durante o evento. Trata-se do Teatro Municipal, de projeto já rascunhado e assumido pela Administração Adailton Souza e seu grupo político; e uma Oficina de Arte.

Os livros de Tombo da Câmara Municipal de Itabaiana, na Lei Orçamentária Municipal de 1906 – há 117 anos – aponta que na administração de João Rodrigues Pereira, turbinada pelas rendas da nova Feira Livre do Mercado dos Cabaús, no hoje Largo Santo Antônio também lançava a previsão de taxas a serem cobradas no uso do Teatro Municipal, que ficava localizado onde depois foi a residência do líder político, Francisco Teles de Mendonça – Chico de Miguel – na esquina das ruas, do Futuro (Rua Tobias Barreto) com a Vitória (General Siqueira). O teatro já é relatado em 1902, por Laudelino Freire, em sua Chorographia de Sergipe, relativo à cidade de Itabaiana.
A casa de espetáculos - o teatro - parece ter morrido com as confusões partidárias entre cabaús e pebas (partidos, liberal e conservador), entre 1910 e 1920. Porém, há indícios de ter sido a primeira sala de cinema, motivo do jovem impetuoso e adventista (nada a ver com religião), visionário mesmo, José Mesquita da Silveira, ter convencido seu tio Manoel Vieira a converter a velha máquina a vapor de descaroçar algodão em usina elétrica em 1919.
A “lanterna mágica” – projetor – só funcionava a energia elétrica.

A firme promessa da Administração Municipal de Adailton Rezende de Souza, reforçada por seus apoios, no estado e no plano federal, através dos deputados Marcos Oliveira e o jovem Ícaro de Valmir, amalgamado pela liderança maior de Valmir dos Santos Costa e dos trabalhos técnicos do seu secretário de Cultura, Antônio Samarone acende a fé que vamos voltar a ter teatro, cem anos depois dele ter desaparecido entre nós.
Já a Oficina de Arte é urgentemente necessária, não somente como unidade produtora compartilhada, mas como referência na comercialização ou pelo menos exposição permanente de cada artista. Nessa destinação pensei na destinação pensei o velho "Vapor de Joãozinho Tavares" - último símbolo da fantástica era do algodão e da criação da nossa feira livre - antes que fosse reduzido em meia hora a escombros... com a ajuda de gente menos improvável.
A saraivada que brotou nestas últimas três décadas de desenhistas, pintores, escultores, em fim de artesãos em geral não é coisa que se dê ao luxo de jogar fora.
A Oficina será uma marcante forma de profissionalizar o artista.
Referências são indispensáveis ao desenvolvimento humano. Ao gerar um norte para as mentes criativas serranas, cria-se expectativas positivas; esperanças; arrojo que vão desaguar em criatividade e sucesso mais à frente.
Que venha a velha, porém sempre renovada, magia da Cultura.

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