ENCONTRO COM LENDAS: UM BOM, OUTRO MAU

José de Almeida Bispo, 25 de Setembro, 2023 - Atualizado em 25 de Setembro, 2023

Sábado, à noite, fui obrigado a dormir um pouco mais tarde que habitualmente. É que ao ligar a TV, dei com Serginho Groisman fazendo um especial em seu programa, com ninguém menos que a turma dos Titãs, uma das melhores bandas de rock nacional de todos os tempos "de todas as semanas" dos últimos 40 anos(*).
Mas... além dos eternos adolescentes rebeldes hiperqualificados, com eles, outra lenda. A lenda Liminha. Por trás de ao menos cinco entre dez bandas e cantores solos da explosão do rock nacional, da década de 1980; porém não somente de rock; mas de um monte de outros artistas, de ritmos variados, da MPB. Nada escapou ao seu cuidado de produtor, nos legando um plantel de canções que ainda hoje maravilha a quem não apenas entope ouvido com qualquer baboseira autointitulada música.
A coisa de qualidade é assim: dá trabalho fazer; porém, depois de feita vira obra de arte.
Mas à música popular não basta bem produzir; é preciso divulgar. E comercializar com justiça, trazendo lucro ao artista cabeça, e depois dele a todos os envolvidos. Nessa cadeia de produção é imprescindível o empresário. Tanto o particular, que trabalha pra um artista ou grupo, e até vários; aos "show business man", aquele que leva o produto final ao grande público.
Hoje uma notícia triste: morreu uma lenda da MPB. Não era compositor, nem cantor; contudo teve um portfólio de fazer inveja a muitas empresas americanas do setor. Foi um dos maiores - senão o maior - empresário de shows do Brasil, especialmente das efervescentes décadas de 70 e 80.
Depois de décadas como elo vital na ligação direta, no palco, do cantor com seu público, faleceu hoje no Recife, o propriaense, obviamente sergipano, José Carlos Mendonça, o lendário PINGA.
De Waldik Soriano ao rei Roberto Carlos, passando pela deusa do Santo Amaro, Maria Bethânia... Pinga construiu para si uma carreira de sucesso empresarial, e de divulgação e promoção de uma legião de artistas, que, com certeza não teriam nos premiados com suas canções, não fosse ele.
Que São Pedro agora aproveite bem; já que nós aproveitamos muito bem até pelo menos a década de 1990.
Palmas!

(*) Inspirado numa música da banda, chamada “A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana”.

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