Maçônaria: uma instituição a serviço da sociedade e seu desenvolvimento.

Carlos Braz, 20 de Dezembro, 2022

Maçonaria: uma instituição a serviço da sociedade e seu desenvolvimento. 

Por Carlos Braz 

A Maçonaria é uma instituição secular, reconhecida na contemporaneidade por sua ação social e a prática do bem, baseada em princípios humanistas e cristãos. Enaltece ainda os valores familiares, o respeito à constituição e aos símbolos pátrios, incentivando seus membros a afastarem-se dos vícios nefastos, e caminharem sempre em busca da verdade.

Sua presença, importância e interesse em um porvir nacional alinhado com os princípios iluministas fizeram com que seus membros participassem de fatos relevantes da nossa história, como a Conjuração Mineira, a independência do Brasil e a abolição da escravatura.

Fontes históricas controversas não permitem demarcar com fidelidade sua gênese, todavia, pesquisadores e historiadores veem semelhanças entre seus símbolos e rituais com os existentes na antiguidade, tanto no Egito Antigo quanto no continente europeu.

 A História como ciência tem por fundamento a análise criteriosa das fontes históricas. São elas que testemunham os eventos ocorridos no passado e que foram importantes para um ou vários grupos sociais. Aqueles sobre os quais permeiam dúvidas são considerados especulações ou hipóteses. Essa condição se aplica ao objeto de estudo desse artigo já que não existem narrativas orais ou escritos fidedignos que possam datar sua fundação, usando-se como referencia documentos mais recentes que remontam aos meados dos séculos XVI e XVII. Dessa forma usamos essa datação como início do recorte temporal para o desenvolvimento textual. 

Nos arquivos europeus, principalmente na Inglaterra é possível encontrar informaçoes valiosas que delineiam a instituição a partir de confrarias secretas de indivíduos possuidores de saberes e fazeres, que as fundavam com o objetivo de manter o conhecimento entre eles, garantindo assim a procura por seus serviços. Seria, grosso modo, uma irmandade de obreiros, com conhecimentos práticos dos ofícios, mas sem conhecimento filosófico e intelectual. E assim, essa prática evoluiu e difundiu-se com a civilização, abrangendo outras categorias e interesses, como a filantropia e a Maçonaria nos moldes atuais.

As fontes existentes indicam claramente a influencia do Iluminismo na concepção maçônica que desde seus primórdios tem como objetivo promover os princípios defendidos pela Revolução Francesa de 1789: Liberdade, igualdade e fraternidade, que remete ao ideal do homem universal, que deve gozar dos direitos citados acima, esteja onde estiver, independente de credo, cor ou importância no cenário das nações. Em síntese todos os homens devem ser livres, com os mesmos direitos e possuidores do livre arbítrio, valores  que iam de encontro a uma Europa absolutista.

A filosofia iluminista que difundiu-se pela Europa desde meados de 1700, enfatizando a transformação das relações sociais e novas formas de interpretar e compreender o mundo. Os questionamentos propostos pelos pensadores e filósofos daquela época alcançavam desde a politica e economia, até a legitimidade do poder dos reis absolutistas e da Igreja, impondo sobre esta o poder da razão em confronto com o poder divino.

O caráter universalista e liberal proposto provocou um serie de rebeliões contra o sistema vigente, entre as mais influentes, a Revolução Gloriosa de 1688 que fundou o parlamentarismo na Inglaterra, e a Revolução Francesa de 1789 que derrubou o rei Luís XIV. Daí em diante o mundo nunca mais foi o mesmo. Livre das amarras da religião o conhecimento cientifico e as ciências humanas levaram a sociedades a outro patamar.

É nesse contexto revolucionário que a Maçonaria e se estabelece como instituição a par dos problemas do seu tempo, renovando-se quando necessário sem, contudo, abrir mão dos seus cânones e rituais secretos, destinado somente aos seus membros.

A descoberta da América em 1492 foi marco fundamental na história da humanidade, pois colocaria em cheque todos os valores construídos secularmente pelo pensamento iluminista, bem como estabeleceria uma nova ordem mundial, a partir da descoberta de metais preciosos no Novo Mundo e tem como consequência a escravização ou extermínio dos nativos e o subsequente sequestro dos negros africanos, cativos durante mais de três séculos.

A Maçonaria também se estabelece Novo Mundo, participando efetivamente da construção de uma nova sociedade, influenciando decisões politicas importantes, sem deixar de lado alguns aspectos essenciais desde a sua fundação. A  questão escravocrata na América envolvia interesses políticos, econômicos e sociais, e tomar partido nesse contexto sempre foi um desafio para os maçons.

Com essa breve explanação sobre a fundação da Maçonaria e sua chegada à América, abordaremos a seguir sua participação na construção da sociedade brasileira.

Com o inicio da colonização do Brasil em 1530, um numero cada vez maior de portugueses e estrangeiros de outras nacionalidades adentraram ao Brasil. Mas as Lojas Maçônicas só surgiram oficialmente no no ano de 1800 na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, especula-se que já havia maçons iniciados na Europa que aqui viviam e arregimentavam homens livres que preenchiam os requisitos necessários para serem iniciados na seita, sem realizar rituais de nível mais avançado.

Os rígidos códigos morais e de lealdade, continuaram em vigor e o termo  Loja Maçônica designou os locais onde se reuniam. Seus membros consideravam-se irmãos, o que acontece até hoje, e são regidos, pelo altruísmo e discrição com que realizam seus atos beneficentes, não sendo permitido entre eles a admissão de mulheres.

Conforme indicam documentos referentes ao inquérito que apurou responsabilidades pela deflagração da Inconfidência Mineira em 1788 os maçons tiveram participação efetiva na sedição, sendo Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, um deles, mesmo não havendo Lojas em atuação nas Minas Gerais, fato que requer uma pesquisa mais aprofundada a respeito da expansão maçônica à época.

O ano de 1808 é um dos mais importantes da história do Brasil, pois marca a chegada da côrte portuguesa à sua mais próspera colônia, fugindo da iminente invasão francesa pelo exército napoleônico. Nesse processo que se estende pelos anos seguintes a Maçônaria se estabelece, e desde então participa efetivamente das grandes decisões no âmbito da politica, da administração pública, da economia da educação.

Inicia-se aí o processo histórico que é o embrião da independência do Brasil em relação a Portugal. que ocorreria ainda em 1822, ou seja, apenas 14 anos depois. E os maçons também participaram desse que seria o grande momento da nossa história. Como relatamos anteriormente as Lojas surgiram em 1800, portanto oito anos antes da chegada da família real o que permite conjecturar que a Maçonaria já se encontrava em um estágio de desenvolvimento na então colônia.

Em Sergipe, a presença maçônica oficializa-se em 10 de dezembro de 1872 com a fundação da Loja Maçônica Cotinguiba, afiliada ao Grande Oriente do Brasil, sendo escolhido para patrono da instituição São João Batista, atitude que demonstra o seu caráter religioso, com os seus frequentadores comprometidos com as lutas pela liberdade, então representada pela abolição da escravatura no Brasil e com ações filantrópicas em prol dos mais necessitados.

Contudo, nos seus primórdios, diante da rigidez das suas regras, do rigor para a admissão na irmandade, os códigos secretos que os adeptos usavam entre si e as reuniões sem a presença de estranhos fez com que lendas urbanas surgissem sobre os canones da confraria, ligando-os à maldições e transmutações misteriosas, que habitaram por décadas o imaginário popular.

Alguns pesquisadores especulam que a origem das lendas são as práticas de dominar pelo medo, impostas pela igreja católica, no âmbito da questão religiosa deflagrada pelo bispo de Olinda em 1872, que perseguiu os maçons e protestantes.    

Posteriormente, fundou-se em Aracaju a segunda Loja Maçônica, denominada “Segredo e Amizade”, o que confirma a aprovação da sociedade ao engajamento dos maçons em prol do nosso desenvolvimento social, educacional e econômico.

Desde então com a discrição que caracteriza a instituição, centenas de ações beneficentes e filantrópicas foram patrocinadas, beneficiando milhares de pessoas desde o II segundo reinado, adentrando pela república e alcançando os dias atuais.

Dessa forma surgiram muitas outras lojas, inclusive em cidades do interior firmando-se como uma comunidade regida por princípios de fraternidade, igualdade e liberdade e frequentada por homens de boa fé.

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