No Tempo do ronca. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 07 de Julho, 2023

 

O senso comum afirma que na velhice, na caduquez, os dias são longos e os anos curtos. Cheguei lá, e a realidade está desmentindo: os dias têm sido curtíssimos. O tempo acelerou, como tudo.

Para minimizar, estou aproveitando a insônia ancestral, para esticar o tempo nas madrugadas.

Ao mesmo tempo: escrevo essas bobagens, devoro uma leitura e ouço um vídeo no Youtube, sobre temas diversos. Me ocupo cada vez mais com filosofia, cultura e história e menos com política e economia.

O cérebro que se vire. Os janeiros passam...

Santo Agostinho dizia que “o tempo era a imagem móvel da eternidade imóvel.” Nunca entendi.

O tempo medieval era circular e divino. Se o tempo não teve começo e nem terá fim, ele só pode ser circular. Bem pensado. Deus (Chronos) é o senhor do tempo.

O eterno retorno de Nietzsche é uma fabulosa mentira poética.

A física complicou: tempo e espaço são partes de uma mesma unidade, estão relacionados. O tempo é ligado ao espaço. Também nunca entendi.

Na poesia de Baudelaire, o tempo é o inimigo vigilante e funesto...

O nosso cérebro não alcança os conceitos de infinito (espaço) e eterno (tempo). Por isso, recorremos a metafísica e a matemática. A primeira oferece a fé. A matemática, uma criação humana, nos oferece as equações.

Nos restou uma desilusão: o nosso tempo é finito e eu não somos Matusalém. Isso eu entendi. Não adianta procrastinar, dar tempo ao tempo, ele passa do mesmo jeito.

Então, o que fazer com o tempo transitório que nos foi concedido? Cada um, tem a sua resposta. Eu gastei o meu tempo com essas divagações e quem leu, gastou o tempo lendo.

O certo, como dizia Mario Quintana: “é que não se deixe de fazer algo de que gosta, devido à falta de tempo.”

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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