O que restou das amizades. (por Antonio Samarone)

Antonio Samarone, 11 de Julho, 2023

 

No Leviatã, Thomas Hobbes defendeu que nos primórdios, os homens viviam em um estado de guerra permanente, de todos contra todos. O homem é o lobo do homem.

Discordo do filosofo inglês!

Desconheço a história da amizade, não sei quem inventou e nem onde? Não falo dos seguidores do Facebook, das amizades virtuais.

Não! Falo dos amigos de carne e osso. Todos cheios de defeitos, não são anjos, mas permitem momentos do que se chama felicidade. Falo da beleza da relação humana.

Encontrar um magote de amigos é um retorno a Caverna de Platão. Um mundo de afetos e sonhos. Todos querendo falar ao mesmo tempo, contar as suas histórias, novas ou antigas. Um profunda troca de gentilezas.

Ainda acho que nascemos bons, como acreditava Rousseau.

O rega bofe de ontem era uma despedida da Expedição Serigy. Um último encontro. Tudo com música ao vivo, com a orquestra da família, Felipe no Violino e Valério no Violão. E o maestro.

A realidade apontou outros rumos. Simulamos uma pequena trilha. Muitos ficaram inseguros, mas fizemos uma caminhada ao Rio Santa Maria.

Muita gente nunca ouviu falar no Rio Santa Maria, no Aracaju.
Visitamos a sua famosa curva. Sentimos os odores do mangue, o vento fresco, o silencio dos aratus, das ostras, dos sururus, dos mariscos e dos massunins.

Os maruins se recolheram, em respeito a Expedição Serigy. Voltamos aos bons dias, pelo menos na memória.

Logo percebemos a estupidez da despedida. Por que deveríamos pôr fim a Expedição?

Claro, a idade chegou e o corpo esmoreceu. A Pandemia acelerou muita coisa. Não podemos mais subir as serras, cruzar os rios, singrar os vales ou embrenharmos nas matas úmidas.

Mas estamos vivos, faremos peregrinações culturais.

Já saímos acertado uma nova missão em Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Exu e Nova Olinda. Vamos pedir a benção do Padim Cícero, visitar Expedito celeiro e buscar as raízes da música nordestina, em Luiz Gonzaga.

Não duvidem, vamos ao Juazeiro do Padre Cícero. Uma romaria de classe média, com conforto e regalia. O acampamento será no Hotel das Fontes, em Barbalha.

Vou aproveitar e pedir ao padre Cícero a cura da minha diabetes, ou, no mínimo, que ele suspenda a minha dieta.

Uma amiga da Expedição, pensa em pedir um rejuvenescimento de dez anos. Não sei se o padre tem esses poderes milagreiros, ninguém nunca pediu.

Não custa tentar!

Antonio Samarone (médico sanitarista)

O que você está buscando?