Gente Sergipana. (Por Antonio Samarone).

Antonio Samarone, 21 de Dezembro, 2023 - Atualizado em 21 de Dezembro, 2023

 

 

O cardiologista Lauro Fontes pertence a antiga legião dos médicos humanistas, que cuida dos doentes. Os atuais médicos de mercado, voltam-se para as doenças. Quem não entender a diferença, vai ficar assim, o espaço aqui é pequeno para explicar.

Lauro Fontes é um fidalgo de origem e de formação. Por parte do pai, é um Martins Fontes; por parte de mãe, descende dos senhores do açúcar de Rosário do Catete.

Lauro Fontes é um poeta bissexto.

O seu livro de memórias é uma boa surpesa. Lauro fala de quase tudo, dos medos, das vitórias, das derrotas, das brigas familaires. Um escrita leve e profunda.

As memórias de Lauro Fontes, tem passagens de pura literatura:

“O meu avô era um homem de poucas palavras, não beijava os netos, mas se alegrava muito quando chegávamos à sua casa. Sempre sentado em uma cadeira de balanço, calças arregaçadas, permitindo ver nas suas pernas as sequelas da erisipela, isto porque ele tinha muitas varízes.”

Lauro Fontes nasceu no Aracaju, na Rua São Cristóvão.

Lauro, em suas memórias, não esconde a violência do pai. Após uma queda do menino Lauro, cabeça sangrando, o pai aponta uma arma para a sua cabeça: “Pare de chorar! Pare de chorar! “Eu, todo urinado de medo e dor, silenciei. Ô Amélia, ponha borra de cefé na cabeça dele. Disse ele a minhã mãe.”

“Nesta mesma casa, em uma noite de terror, por motivos irrelevantes, por volta das 20 horas, iniciou-se uma discussão entre meus pais e, em seguida, veio o pior: meu pai começou a agredir a minha mãe com socos e tapas...”

Lauro, foi várias vezes espancado pelo pai, por motivos fúteis. Porém, não se transformou em um homem violento, pelo contrário, é uma pessoa doce, gentil e atenciosa.

As memórias de Lauro Fontes trata do cotidiano, das relação familiares, da escola, dos desejos dos meninos daquele tempo. Isso foi ontem, mas quanta diferença. Os meninos de hoje são cheios de vontades.

Lauro na infância, como os meninos daquele tempo, criava passarinhos. Criar é eufemismo, prendía os pássaros.

Constatei que os briquedos e as traquinagens de Lauro eram os mesmos dos meninos do Beco Novo, onde vivi até os 15 anos.

Em 1968, Lauro Fontes foi reprovado no vestibular. Um choque que mudou a sua vida. Os estudos viraram uma obsseção. Passou no ano seguinte.

No livro de memórias, ele conta em detalhes a sua primeira aula na faculdade. Eu já puxei pela memória, e não faço a menor ideia da minha primeira aula na faculdade. Lembro-me da primeira aula no abc.

Lauro conta os olhares, os pensamentos, os sonhos do seu primeiro encontro com Angêla Marinho Barreto, com quem casou. Angêla foi minha colega de turma na faculdade.

No final dessa primeira parte de sua memória, Lauro perdoa o pai, entende as circunstancias.

O livro acabou! Como acabou?

Eu li na esperança de conhecer a vida de Lauro na familia Barreto, a vida profissional, as aventuras da vida adulta, e quem sabe, até as reflexões atuais.

Lauro, já existe o tomo II e eu desconheço? Passe-me com urgencia. Se não existe, trate de escrevê-lo. Quero conhecer a sua visão da medicina, em sua clínica diária.

Antonio Samarone (médico sanitarista)

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