LINEARIDADE DA PRODUÇÃO DA AGROPECUÁRIA BRASILEIRA por Pedro Abel Vieira & Manoel Moacir Costa Macêdo

Manoel Moacir, 10 de Junho, 2022 - Atualizado em 10 de Junho, 2022

 


Escrever sobre o sucesso da setor agropecuário brasileiro tem sido redundante. Safras recordes, são sucedidas ano após ano. Ganhos de produtividade são crescentes. Particular e vitorioso segmento da economia nacional. O mesmo não é verdadeiro, para os demais setores. O padrão de desenvolvimento nacional, é sofrível, quando comparado com outras Nações, nos elementares indicadores de educação, saúde e violência. A persistente desigualdade é inaceitável. Difícil no senso comum, entender essas contradições. O País tem competência para produzir 250 milhões de toneladas de grãos, pujante produtor e exportador de alimentos para o mundo, e no seu interior, predomina a fome dos seus nacionais. O Brasil produz comida para 800 milhões de criaturas no planeta, e 100 milhões de seus habitantes possuem algum grau de insegurança alimentar.

O produto agropecuário cresceu mais de quatro vezes de 1975 a 2016.  Nesse período, a produção de grãos aumentou de 40,6 milhões para 187,0 milhões de toneladas, e a pecuária expressa em toneladas de carcaças, de 1,8 milhão para 7,4 milhões de toneladas; os suínos de 500 mil para 3,7 milhões toneladas, e frangos, de 373 mil para 13,23 milhões de toneladas. A agricultura brasileira em sua linearidade é uma usina de produzir comida e gerar renda. A análise do produto per se, no valor da produção, em relação ao conjunto dos produtos analisados, mostra que os maiores aumentos no período de 2000 a 2016 ocorreram com a soja, cana-de-açúcar, laranja e frango, as commoditiesagrícolas. Não foram anotadas alterações relevantes nos demais produtos, a exemplo, os de consumo interno.

A globalização com sinais de ruínas, sinaliza uma tendência de redução do crescimento da agropecuária brasileira. Desde 2012, ela vinha crescendo continuamente. A redução em 2016 pode ser atribuída à forte seca ocorrida nesse ano, que afetou principalmente a produção de milho. A produtividade total dos fatores cresceu a uma taxa de 1,24% entre 2012 a 2016, abaixo da média histórica de 3,08%.

O salto da produção agropecuária aconteceu principalmente pela utilização de insumos, com efeitos diretos sobre a produtividade. O consumo de fertilizantes incrementou de 2,0 milhões de toneladas em 1975, para 15 milhões em 2016. Terra e mão de obra tiveram comportamentos semelhantes, ambos com tendência de redução na quantidade utilizada. O aumento de área no período de 1975 a 2016 ocorreu pela expansão das lavouras temporárias e cresceu de 36,8 milhões para 69,5 milhões de hectares. As lavouras permanentes ficaram estacionadas entre cinco e seis milhões de hectares. As pastagens mostraram tendência de redução de área.

Nas décadas de 1970 e 1980, a terra foi o principal fator de crescimento do produto agropecuário. A partir dos anos 1980, até o período atual, o capital passou a ser a principal fonte de crescimento da agricultura, semelhança entre o crescimento da agricultura nos Estados Unidos e no Brasil. O Economic Research Service (ERS) sobre a PTF - Produção Total dos Fatores, mostrou que, no período de 2007 a 2015, o capital foi a principal fonte de crescimento da produtividade. No entanto, existem diferenças entre as taxas de PTF, cuja média americana é menor que a brasileira. Para o período de 2007 a 2015 a média de crescimento nos Estados Unidos foi de 0,53%, e a histórica, de 1,38%. No Brasil, a média no período de 2000-2016 foi de 3,17%, e a histórica (1975-2016) foi de 3,08%.

As restrições na economia global projetam um cenário de baixo crescimento da produção agropecuária brasileira. Alguns gargalos estão postos: instabilidade política, fome, mudanças climáticas, perfil do consumidor, barreiras sanitárias, produtos com baixo valor agregado, oferta de alimentos de outros países, enfraquecimento da globalização, entre outros.

 

Pedro Abel Vieira e Manoel Moacir Costa Macêdo, são engenheiros agrônomos

 

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