RETORNO DE SUCESSO

José de Almeida Bispo, 29 de Maio, 2022 - Atualizado em 30 de Maio, 2022

Sexta-feira última, 27, teve lugar, como sempre no Plenário Olímpio Arcanjo de Santana, da vetusta Câmara Municipal de Itabaiana a primeira reunião solene da Academia Itabaianense de Letras, depois de mais de dois anos de inação devido a pandemia que, entre os milhares de entes queridos – até ontem, 28, no estado, seis mil, trezentos e quarenta e oito e no país, seiscentos e sessenta e seis e trezentos noventa e uma vítimas fatais – duas diretamente ligadas à Academia, quais sejam o queridíssimo confrade Luiz Eduardo Magalhães, ocupante da cadeira 22, patrocinada pelo padre itabaianense, em vias de beatificação pelo Vaticano, o memorialista José Gumercindo dos Santos; e também a gentilíssima, saudosa Sandra Marcondes, esposa do confrade José Marcondes, este ocupante da cadeira 20, patrocinada pelo padre e filósofo, José Araújo Mendonça. Duas perdas lastimáveis, também no seio do nosso sodalício.
Bem, mas sexta-feira, 27, foi dia de recolocar o pé na estrada; até mesmo em memória dos que nos deixaram.
Foi dia de apresentarmos mais uma etapa no crescimento da arcádia serrana. Depois de algumas convocações e imediato adiamento devido às reações dos números da pandemia e consequentes riscos, trouxe-se cinco novos membros, quais sejam os acadêmicos-correspondentes; aqueles que diretamente nos representarão – a Academia e a cultura itabaianense como um todo – por onde estiverem lotados. Os itabaianenses natos, José Oliveira Benjamim, Jorge Roberto Costa Passos e Wellington Mendes Filho, e os colaterais, Margarete Brito e José Pereira da Silva.
E aproveitou-se para comemorar o nono aniversário da Academia, mesmo que tardiamente; a data oficial, 1º de fevereiro, foi uma convocação que teve que ser adiada por recrudescimento da peste.

Maria Pereira, primeira à direita, então diretora do Colégio Estadual Murilo Braga e sua então equipe de auxiliares. Junto dela a hoje acadêmica Tereza Cristina, ocupante da cadeira 29 da Academia. À direita, Antônio Francisco de Jesus - Saracura - no penúltimo sábado, 21, prestigiando grande evento da Academia Gloriense de Letras e à nossa parceira especial, professora Rosa Maria Vieira de Santana, líder do grupo um do Movimento Cultura Maria Pereira, então homenageada, expõe camiseta do referido grupo.

A noite trouxe mais novidade. Além da presença do primeiro grupo do MOCMAP – Movimento Cultural Maria Pereira, já de reconhecimento estadual, a incansável líder do grupo, professora rosa Maria Vieira de Santana apresentou-nos mais outros componentes, que comporão os outros quatro grupos, incluindo mais duas professoras – o terceiro estava em outra nobre missão educacional - que liderarão oficialmente depois de julho, quando forem empossados os seus respectivos grupos, quiçá já com o quinto e último, com o quadro de 30 membros ao todo que homenageiam personagens da nossa cultura, não contemplados em outras posições na Academia, a saber: Álvaro Fonseca Oliveira; Antônia Andrade (dona Tota); Armindo Guaraná; Artur Moura Pereira (padre); Maria Auxiliadora Graça Leite(irmã); Carlos Augusto Mesquita Moura; Elias Andrade; Eraldo Barbosa (padre); Eulina Nunes; Filomeno Andrade; Francisco da Silva Lobo (padre); Francisco Vilobaldo de Oliveira (Chico do Cantagalo); Gabriel Andrade; Guilhermino Amâncio Bezerra; João de Deus Teixeira; João de Matos; João Rocha Sobrinho; Joaquim Fraga Lima; José Bezerra dos Santos; José de Andrade Sucupira; Josefa Esteves de Freitas (Dona Bebé); José Mesquita da Silveira; José Luiz da Conceição; Melchiades José de Souza; Manoel Garangau; Ormeil Câmara de Oliveira (doutor); Pedro Garcia Moreno; Quintino de Lacerda; Serapião Antônio de Góis.
O MOCMAP é o fermento da continuidade, da perenização. Daí a feliz lembrança de uma das maiores educadoras da história serrana: Grupo Cultural MARIA PEREIRA.

Bem, mas à noite, como já dito foi também de comemoração ao nono aniversário da Academia Itabaianense de Letras. E ninguém mais apropriado para falar sobre esse momento em particular, bem como o fantástico momento literário-cultural estadual que todo o Sergipe vive neste momento que Domingos Pascoal de Melo.
O atual momento foi ansiado e gestado pelo saudoso grande Luiz Antônio Barreto, desde seu adentrar-se nas letras na primeira explosão que teve lugar ao fins do 60, início dos 70, coincidentemente com a criação da Universidade Federal de Sergipe quando a política deu lugar à discussões mais amenas. No início da segunda década deste século, já desprovido das naturais amarras do serviço público, naturalmente pesado, burocrático, tão logo saiu do secretariado da Cultura do Estado que Luiz Antônio resolveu fazer o que sempre quis faz. Nas palavras do próprio Pascoal, sexta, à noite “descobrir os saberes do povo, do interior”, ao contrário do lugar comum que sempre foi o “levar conhecimento ao povo”. Não muito pôde ir além. No dia 17 de abril de 2012, dez anos atrás, deixou-nos fazendo nascer uma lacuna.
A lacuna deixada pela ausência de Luiz Antônio Barreto não pode ser preenchida. Porem, já se encontrava envolvido com o próprio Luiz Antônio essa grande figura humana, dona de sete fôlegos, que a exemplo de outro cearense, Juarez do Nascimento Fernandes Távora na Revolução de 1930 consegue estar em três, quatro municípios durante o mesmo dia levando em frente a materialização daquilo que sonho Luiz Antônio em forma de academias, grêmios ou simples núcleos; desde municípios mais populosos e política e economicamente mais poderosos. Com seu fiel escudeiro Antônio Francisco de Jesus, o Saracura deram integral apoio a pelo menos 45 agremiações, além de suportarem outras iniciativas, sejam na capital, um num simples povoado como Rio das Pedras, com a Academia Serrana de Jovens Escritores, patrocinada pela educadora Rosa Maria, acima citada, e, puxando pela minha sardinha, na minha escola municipal, hoje Dom José Thomas, onde aprendi a gostar do meu estado, sua Geografia e sua História, mediante outro “cabeça-chata”, e que me conduziu a um terceiro - e, perdoe-me Pascoal e Araújo, o maior de todos - João Capistrano de Abreu.
O fato é que sem alguém como Pascoal de Melo para pegar o andor que estava sendo preparado pelo saudoso papa-jaca, o queridíssimo “Arara”, nada disso teria tido curso. Talvez tudo tivesse morrido na praia. E aí parafraseio Zé Dantas e Luiz Gonzaga: “E graças a esses feitos de homens que tem valor” chegamos ao atual estado de efervescência cultural.

Cearenses que me são caros.
Acrísio Torres Araújo
Amante do lugar em que nasci e vivo, mais tomei gosto pela minha terra quando no Segundo Ano Primário me defrontei com uma preciosidade: a Geografia e a História de Sergipe, feitas por um professor cearense que há pouco por cá chegara, e que, sentindo a completa ausência de conhecimentos sobre Sergipe na grade curricular da formação inicial dos sergipanos resolveu arregaçar as mangas e preencher essa lacuna. Passei horas, dias, semanas, maravilhado com os pequenos textos de Geografia de Sergipe em que o professor Acrísio Torres Araújo me premiava com informações de Lagarto, Itabaiana, Tobias Barreto, Capela... enfim, todo o Sergipe, e não somente a capital. Lembro que, inclusive, o mapa de Sergipe presente na capa trazia uma cidade que nunca ouvira falar: Curituba, desde então um povoado de Canindé do São Francisco, mas então já ex-sede municipal; porém que o mapa não trouxe atualizado. Também que a serra de Itabaiana, usando as informações equivocadas do IBGE tinha 860 metros de altura e era o ponto culminante de Sergipe. O fato é que os dois livrinhos me impactaram decidida e definitivamente.
A criação da Universidade Federal de Sergipe em 1968, exatamente no ano em que foram impressos meus livrinhos, e logo a seguir o nascimento de um núcleo mais dedicado à historiografia sergipana nos trouxe aos dias atuais de exuberante produção.

Domingos Pascoal de Melo
Seu ativismo recente, como dito acima, não somente confirmou o trabalho de Luiz Antônio Barreto como mais estimulou seu agigantamento.
Tudo começou com uma reunião no Templo Beneficente Rei Salomão, de administração das três lojas maçônicas de Itabaiana, em agosto de 2011, com repetição em 7 de setembro, a seguir, de onde, de concreto nasceu o grupo de Facebook “Itabaiana Grande”, ideia original de Robério Santos, prontamente apoiada por Luiz Antônio Barreto, pela ex-secretária municipal de Educação, professora Tereza Cristina Pinheiro Souza e pelos demais, eu, inclusive. De iniciativa particular, galvanizado pelo sucesso do ambiente cultural, na realidade, um clima de retroalimentação da Revista Perfil, o início de tudo, o Publisher da revista, Honorino Junior gestou e realizou a Bienal 2011, com estrondoso sucesso e, naturalmente a participação de Luiz Antônio Barreto a presidir os debates, cuja mesa composta, entre outros, por três dos 15 acadêmicos iniciais, fundadores da Academia Itabaianenses de Letras: Antônio Samarone, José de Almeida Bispo e Luciano Correia. Domingos Pascoal estava lá; de escudeiro-mor de Luiz Antônio.
Ao final de outubro, a Bienal 2011 foi o precipitar, pontapé inicial do processo cultural que hoje experimentamos em todo o estado de Sergipe. Luiz Antônio, infelizmente não viveria para presenciar o que ajudou a promover: “os saberes que já estavam por cá”. E aí, com sua morte em abril de 2012, em primeiro veio o espanto e a pergunta: “e agora?”.
Materializou-se então a ideia da criação da Academia Itabaianense de Letras. Dificuldades de articulação, no entanto, levaram a feliz instalação da ubérrima Academia Gloriense de Letras em 12 de dezembro de 2012, com a Academia Itabaianense de Letras somente sendo instalada em 1º de fevereiro do ano seguinte de 2013. Pascoal presente. E desde então, em todas as demais, geralmente com seu “Sancho Pança” Antônio Saracura a lhe apoiar.

Capistrano de Abreu
Apresentado por José de Alencar, foi aprovado para bibliotecário da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, nela tomando posse em 1879. Desde então empreendeu verdadeira cruzada santa na sistematização das fontes históricas daquela casa, já no primeiro volume dos Anais da Biblioteca Nacional em que participou ativamente - o volume 5, 1878/1879 - revelando de forma organizada praticamente toda a História colonial brasileira, contribuindo desta forma com o fim do achismo de excelentes cronistas, mas de péssima propensão à ignorar a exatidão das fontes documentais; ou às malditas interpretações onde cabe tudo.
Foi nele, na documentação por ele sistematizada, e digitalizada ao fim da década de 1990 – quase cem anos ou mais de sistematizado - publicado na rede mundial que fui buscar a maior parte das informações com que confirmei, ou dirimi e descartei outras recebidas ou que vim a receber.
É com Capistrano que nasce a ciência História.
Para completar meu fascínio pelo grande intelectual cearense, sondado na terceira ou quarta rodada para compor a Academia Brasileira de Letras, já e rapidamente transformada num pavonário de vaidades extremadas, refutou energicamente.

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